segunda-feira, 14 de outubro de 2013

QUEM SÃO OS NOSSOS AMIGOS?

Lucas 5:27-30

Quem são os nossos amigos hoje? Qual a dedicação e tempo que temos dado aos amigos que estão conosco na igreja e aos amigos que não estão conosco na igreja? Qual a última vez que conhecemos e estabelecemos um relacionamento íntegro (amizade verdadeira) com alguém que não participa da igreja?

A NOSSA VIDA... OS NOSSOS RELACIONAMENTOS

Enfrentamos sérias dificuldades como cristãos. Por vezes, os contatos com quem não faz parte do nosso contexto religioso tem sido superficiais, que não destacam a integridade. Temos sido engolidos pela superatividade, que não deixa tempo para ampliar o leque de relacionamentos.

Muitas vezes só nos aproximamos dos que estão fora do nosso contexto de igreja, com os nossos modelos evangelísticos defeituosos, onde nós somos os superiores e os demais estão abaixo. No fim das contas são modelos que só geram falta de compromisso com a pessoa e que demonstram arrogância, provocando antipatia por aqueles que nos ouvem.

Temos criado cacoetes e manias que tem erguido barreiras culturais, que atrapalham bastante a aproximação e estabelecem dificuldades profundas de comunicação. Pior de tudo, tem sido a falta de integridade em nós mesmos, que resulta no desequilíbrio entre o que se fala e o que realmente se vive. Juntemos a tudo isso a insegurança e a inércia, que paralisam nossas iniciativas. Aí, preferimos os amigos que encontramos aqui e a cada dia programamos mais tempo com esses.

Por estarmos na igreja há muito tempo, esquecemos o significa uma pessoa sem Deus na sua vida. Criticamos profundamente o povo judeu pela postura exclusivista e indiferente aos demais povos, mas agimos da mesma forma na prática. Quando vejo o evangelho sendo distorcido e os chamados cristãos vivendo enclausurados, percebo que algo muito ruim e errado tem tomado conta desse grupo. O homem sem Deus está distante de Deus e irá para o inferno se não se entregar a Jesus.

Ninguém gosta de falar sobre isso. Mas precisamos tratar desse assunto com sinceridade. Talvez você deteste pensar nisso. A verdade nua e crua é que o inferno é real e há pessoas que permanecerão lá por toda eternidade. Há aqueles que terão que enfrentar uma eternidade sem Cristo se não encontrarem o seu perdão.

A realidade do inferno era um tema importante no ministério evangelizador de Jesus. Lemos repetidamente sobre o pesar de Jesus a respeito da falta de resposta à sua mensagem vivificadora. Ele sabia que as apostas eram grandes e que a eternidade estava em jogo. Nós também precisamos viver tendo a mesma consciência da seriedade dessa questão.

O desejo de Deus está claro nas Escrituras – o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade. Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem,

JESUS NÃO NEGLIGENCIAVA QUEM ESTAVA FORA DO SEU CONVÍVIO

Veio o Filho do Homem, comendo e bebendo e dizem: Eis aí um homem comilão e beberrão, amigo de cobradores de impostos e pecadores ...Mateus 11:19

As acusações feitas contra Jesus indicam que ele mantinha boas relações com cobradores de impostos – mal vistos por toda a comunidade – e pecadores desprezados pelos líderes religiosos. Jesus não tomava uma postura acusadora diante daqueles aos quais Deus já havia amado. Seus relacionamentos eram repletos de compaixão e longanimidade.

As pessoas estão carentes de amigos verdadeiros. Integridade (inteireza, retidão) deve ser uma marca do cristão. Ao construirmos um relacionamento íntegro com aqueles que não conhecem a Cristo, estabelecemos uma grande oportunidade de criarmos um elo de confiabilidade e ganharmos o direito de sermos ouvidos pelo nosso amor e testemunho de vida. Talvez seja esta a grande possibilidade de um desigrejado vir a ter um encontro com Jesus, tornando-se então um verdadeiro e frutífero discípulo Seu.

O QUE APRENDO COM JESUS QUANDO O ASSUNTO É CONSTRUIR RELACIONAMENTOS:

1. “Saindo” – Alargue suas fronteiras para encontrar novos amigos

Estamos vivendo a rotina dos relacionamentos. No conceito de que poucos são aqueles que se tornam de fato amigos, sair e fazer novos amigos não tem sido uma prática comum no nosso meio. Jesus vai na contra-mão da nossa prática atual. Saía e construía novos relacionamentos, novas amizades.

Gosto muito do convívio com pessoas que tenho aprendido a amar, mas tenho desejado muito ter novos amigos, independente de crença ou outra coisa. Quero relacionamentos principalmente com aqueles que ainda não conhecem a Jesus.

Um irmão me contou uma história fantástica de um pastor que fez caminhadas com um amigo que não era cristão por muito tempo. O acordo entre eles é que não se falaria nada sobre Bíblia, etc. Cinco anos depois, aquele amigo disse que queria ser um cristão e tudo pelo estilo de vida do pastor.

2. “Viu um publicano” – Olhe para uma pessoa como alguém que precisa de amizade verdadeira, mesmo sendo essa pessoa muito diferente de você.

Ninguém tolerava os publicanos naquela época. Eram judeus que trabalhavam para os romanos. Cobradores de impostos, conhecidos como verdadeiros ladrões, pois sempre cobravam a mais que o devido. Jesus viu um publicano, olhou para o destestado, o maldito da sociedade, o inimigo de todos.

O ditado “diga-me com quem andas e eu te direi quem és” não colava com Jesus. Se existiu alguém que viveu com diferentes, esse alguém foi Jesus. No geral, percebo que busco muito os iguais para conviver. Tem que ser mais ou menos do meu jeito, pensar mais ou menos como penso, gostar mais ou menos das coisas que gosto. E, principalmente, tem que se adaptar a mim. Jesus confunde as nossas práticas e contraria os nossos conceitos se aproximando dos mais estranhos e construindo relacionamentos com os mais improváveis.

3. “Chamado Levi, assentado na coletoria, e disse-lhe: segue-me” – Conheça a pessoa e invista na sua vida até que se torne um seguidor.

Jesus sabia o seu nome, viu o que ele estava fazendo e o convidou para segui-lo. Amizade precisa de tempo, dedicação, cuidado, cumplicidade. Sustentar as amizades existentes e construir novas amizades deveria ser uma prática nossa.

Fico imaginando se resolvêssemos hoje conhecer mais uma pessoa, aprofundar essa amizade e investir nessa pessoa até que viesse se tornar seguidora de Jesus. No final do ano, teríamos que realizar dois cultos aos domigos. Alguma coisa está errada no nosso meio. Não é possível que eu esteja equivocado quando o tema é relacionamento íntegro com aqueles que ainda não conhecem Jesus.

4. “Ele se levantou e, deixando tudo, o seguiu” – Relacionamentos íntegros quase sempre influenciam positivamente

A resposta de Levi foi instantânea ao chamado de Jesus. Ele abriu mão de tudo o que tinha, do trabalho e tudo o que fazia para seguir Jesus. Você também poderá experimentar essa mesma alegria – ver alguém que um dia você se aproximou e construiu um relacionamento, atendendo ao chamado de Jesus e se tornar um discípulo! Não existe algo que alegre mais o meu coração do que a salvação de pessoas que me aproximo e construo um relacionamento íntegro e profundo. Não sei você, mas eu quero ter a alegria de ver o maior número de pessoas sendo salvas e aquilo que eu puder fazer para que isso aconteça, farei.

5. “ofereceu Levi um grande banquete em sua casa” – Aprofunde a cada dia os seus relacionamentos

Jesus não parou no chamado. Ele foi na casa de Levi comer com ele. Resolveu conviver mais de perto com o novo amigo. Visite os seus amigos, mas também convide-os para ir em sua casa. Não precisamos fazer banquetes. Uma sopa, um café com pão é suficiente! Crie o hábito de aprofundar mais os relacionamentos com novos amigos.

6. “e numerosos publicanos e outros estavam com eles à mesa” – Amplie o leque dos relacionamentos porque sempre surgirão do seu lado pessoas carentes de amizades verdadeiras.

Jesus foi a casa de Levi e lá teve a oportunidade de conhecer os colegas de trabalho do seu novo discípulo. Estabelecer comunhão e relacionamento profundo com desconhecidos e diferentes foi uma marca no ministério de Jesus. É sempre mais fácil o encontro com os iguais, mas é extremamente gratificante o encontro com aqueles que ainda não conhecem Jesus.

Só uma dica: Não se veja melhor ou superior a quem não teve um encontro pessoal com Jesus. Aprenda com o próprio Jesus a se posicionar como igual diante de cada um que está com você. (estavam com ele à mesa). Você e eu não somos melhores que ninguém. Somos todos criados por Deus e necessitamos da sua graça para sermos salvos. A única diferença entre nós e os que não conheceram a Jesus é que já tivemos o privilégio de conhecê-lo. Precisamos guardar em nosso coração que essa amizade com Jesus é graça. Sendo então um favor não merecido, a manifestação da misericórdia de Deus na nossa vida. Essa graça vale tanto para nós como para quem ainda não o conheceu. Abra o leque e seja amigo de verdade. Pode deixar que no momento certo a graça de Jesus alcançará seus novos amigos.

7. “Os fariseus e seus escribas murmuravam contra os discípulos de Jesus, perguntando: Por que comeis e bebeis com os publicanos e pecadores” – Nunca deixe que as críticas dos religiosos de plantão afaste você da benção de construir amizades verdadeiras com aqueles que ainda não conhecem Jesus

Eu já fui, de certo modo, um religioso de plantão, muito mais ligado em ambiente, tipo de pessoas presentes e práticas que dizia não serem cristãs. Até o dia que observei de forma franca e honesta Jesus de Nazaré. Desse dia em diante, resolvi mudar de time. Hoje prefiro ser acusado de estar com os pecadores a ser bem visto pela sociedade religiosa dos meus dias.

Jesus nunca deixou de ser Jesus por conviver com pecadores. Eu não preciso deixar de ser um cristão verdadeiro ao andar com aqueles que ainda não conhecem Jesus. O grande problema não é o ambiente, nem tampouco a comida ou a bebida, mas a postura íntegra e verdadeira como cristão em qualquer lugar que eu esteja.

QUAL A NOSSA RESPOSTA ENTÃO?

Oswald J. Smith em seu livro Paixão pelas Almas cita a seguinte frase: “A tarefa suprema da igreja é a evangelização do mundo. Creio nisso de todo o meu coração. O trabalho mais importante da Igreja de Jesus Cristo é a evangelização do mundo.

Jesus, antes de ser assunto aos céus, deixou delineada de forma clara e precisa qual deveria ser o foco da vida da Igreja. Mateus 28:19,20 diz “Portanto ide por todo mundo e fazei discípulos por todas nações, batizando em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinando a guardar todas as coisas que vos tenho mandado e eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos.

O Espírito Santo, que habita em nós, parece nos mover continuamente para falarmos sobre o amor de Deus às pessoas que nos cercam. É preciso entender que este processo não se inicia domingo a noite quando, após o apelo feito pelo pregador, a pessoa vai até a frente e decide submeter sua vida ao senhorio de Jesus Cristo. Tudo se inicia no estabelecimento de relacionamentos íntegros, de amizades profundas, verazes e redentoras . E isto só pode acontecer no dia-a-dia, fora das quatro paredes da igreja.

TRÊS GRANDES INCENTIVOS OU DESAFIOS PARA MIM E PARA VOCÊ

1. CUSTE O QUE CUSTAR, CONSTRUA NOVOS RELACIONAMENTOS ÍNTEGROS

Durante o seu ministério, Jesus demonstrou como aproximar-se das pessoas e levar a mensagem de forma plena, íntegra e redentora. Além de exemplos práticos, a Palavra tem princípios eternos que podem dar-nos um norte nessa caminhada.

Jesus se dispôs a estar com o cobrador de impostos chamado Zaqueu, embora isso não fosse uma atitude tão popular. Talvez percebendo as dificuldades de Zaqueu para aproximar-se dele, Jesus, toma a iniciativa. Essa proatividade é motivada pela possibilidade de ser instrumento de libertação na vida daquele homem.

Jesus agora participa de um banquete em sua homenagem, promovido pelo cobrador de impostos Levi, no qual toda a coletoria de Jerusalém estava presente. O senhor Jesus, desprovido de qualquer tipo de preconceito, permanece ao lado daqueles que precisam do seu amor e orientação.

Jesus aproximou-se da mulher samaritana, aquela pessoa que possuía um duplo potencial de rejeição diante dos judeus. O senhor a valorizou como pessoa, dialogou com ela e a acolheu, ao tempo em que confrontou seu pecado provocando a possibilidade de cura.

2. AME AS PESSOAS COMO DEUS AS AMA

Devemos amar, acima de tudo. Algumas vezes somos mais duros e exigentes com as pessoas do que o próprio Deus seria. É aquela dureza que se esquece do amor que moveu o Deus criador dos céus e da terra a assumir forma humana e entregar-se a si mesmo para a remissão dos nossos pecados.

As pessoas são importantes para Deus, por isso precisam ser importantes também para nós. O amor de Deus sempre foi espontâneo e proativo – O contato no Éden – Gênesis 3:9; Longânimo – A cidade de Nínive – Jonas 3:11; Presente – A encarnação do verbo – João 1; Compassivo – O choro sobre Jerusalém – Lucas 19:41; e Incondicional – O desejo de Deus – I Timóteo 2:4.

3. APROVEITE TODA E QUALQUER OPORTUNIDADE PARA CONSTRUIR NOVOS RELACIONAMENTOS ÍNTEGROS

As oportunidades para se desenvolver relacionamento íntegros normalmente estão ligadas ao cultivo de amizades com pessoas que convivemos em nossa rotina diária: O caixa no supermercado em que faço compras, o vizinho do condomínio, o colega que senta ao meu lado no trabalho, o professor da universidade, o mecânico da oficina em que conserto o carro, o pediatra dos meninos, a professora do colégio, o companheiro de ônibus do horário da manhã, o corretor de seguros, o caixa do banco em que tenho conta, todos com os quais nos relacionamos podem ser alvo da tentativa de se desenvolver relacionamentos íntegros.

Nesse contexto, é bom lembrar da frase de Ralph W. Emerson : “A única maneira de ter amigos é ser um deles”.

Reconhecendo que há vários níveis que uma amizade pode ser desenvolvida, é preciso que você esteja disposto a tornar-se amigo dessas pessoas. Não se deve ser uma atitude interesseira e manipuladora, uma vez que a base de tudo deve ser o amor genuíno que vem de um coração cheio do amor de Deus.

Na construção de uma amizade faz-se necessário entender o outro, seu perfil e sua forma de pensar. Não podemos colocar as pessoas em um molde que chamamos de desigrejados. Cada pessoa tem sua maneira de pensar e agir, traz uma carga de experiências também próprias, vive em um ambiente peculiar.

Toda a raça humana está perdida, todos somos carentes e todos temos necessidade a serem supridas, necessidades que são diferentes de uma pessoa para outra. É prudente descobrir as necessidades antes de compartilhar as soluções.

As pessoas não se importam com o quanto sabemos até descobrirem o quanto realmente estamos interessados em ajudar. Lembre-se: as apostas são grandes quanto a eternidade. O que estiver ao nosso alcance, precisamos fazer para que mais vidas se entreguem a Jesus.

Pense muito nisso!

Uma boa semana

Ricardo Carvalho

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