domingo, 7 de julho de 2013

NEM SEMPRE O NOME DEFINE O LUGAR

Por que Deus não tem agido abundantemente no nosso meio?

João 5

O Rev. Hernandes Dias LOPEZ conta no seu livro Avivamento Urgente, uma história muito interessante. Certa feita, Alexandre, o Grande, passava em revista a sua tropa. Ele era severo com seus soldados e nunca aceitava deles covardia. Ele era um homem guerreiro, valente e jamais recuou diante do inimigo no fragor da batalha. Era um conquistador inveterado, um expansionista sem limites. Quase todos os que passavam por ele, assentado em seu trono de pompa e glória, eram severamente castigados por seus delitos. Entretanto, aproximou-se um jovem simpático, meigo que logo conquistou a simpatia do rei. Então, Alexandre perguntou ao comandante: 'Comandante, qual é a acusação contra esse soldado?'. Ele respondeu: 'Majestade, ele foi apanhado fugindo do inimigo e escondendo-se em uma caverna'. O rei enrubesceu a face e ficou irado. Ele não tolerava covardia. Mas, de novo, a compaixão e a simpatia voltaram ao coração do rei e ele demonstrou benignidade ao soldado e perguntou-lhe: 'Soldado, qual o seu nome?'. O jovem, aliviado, respondeu-lhe: 'Alexandre, senhor'. Alexandre, num ímpeto de fúria, saltou de sua cadeira, agarrou o soldado pelo peito, jogou-o com força ao chão e com o dedo em riste, disse: 'Soldado, muda de nome ou muda de conduta!'.

A narrativa que lemos em João nos mostra Jesus em Jerusalém chegando a um lugar chamado “tanque de betesda”. O que se percebe no texto é que as pessoas que ali frequentavam esperavam por curas. Betesda era um tipo de santuário de curas para os frequentadores. A ideia é que havia uma espécie de lagoa ou tanque onde se acreditava que de tempos em tempos a água era agitada por um anjo e aquele que ali entrasse seria curado. Na concepção dos frequentadores, aquele era um espaço terapêutico, mas na prática parece que não era isso que acontecia.

Jesus entrou naquele lugar onde havia muita gente presente. Eram muitos enfermos e aleijados reunidos em um só lugar em busca de cura. O que nos chama a atenção é o fato de Jesus voltar os seus olhos apenas para um homem que ali estava. Um homem que há trinta e oito anos padecia de uma enfermidade.

Alguns questionamentos parecem não ter respostas: Por que Jesus não curou a todos, mas somente aquele homem? Por que Jesus perguntou a um homem que estava buscando a cura, se de fato queria ser curado?

Betesda significa casa de misericórdia divina. Numa tradução literal Betesda seria “lugar de derramamento”. Jesus passou por cima da proposta do santuário milagroso e curou o doente com a sua palavra de Poder. O rito ali praticado não o influenciou em nada. Ele fez do seu modo.

A verdade é que Jesus sabia que o nome daquele lugar não refletia a realidade presente. Ele não apenas ignorou o modelo presente, como iniciou com o milagre um profundo embate com os religiosos. Ao curar o homem ele ordenou ao que tinha sido curado que tomasse o seu leito e fosse embora. Só que era um sábado e os religiosos não toleravam nenhum tipo de serviço no dia de descanso.

Jesus só curou um homem naquele lugar. Jesus olhou com misericórdia para aquele homem deitado no chão que desejava tanto ser restaurado. Mesmo assim perguntou a ele se de fato queria ser curado. Por quê? Às vezes estamos há tanto tempo em um ambiente enfermo, tomados pelas nossas enfermidades e cercados por tantas pessoas enfermas, que não sabemos mais o que significa ter uma vida saudável e viver de forma saudável. Jesus sabia que o motivo especifico daquela enfermidade tinha sido pecado. V.14 Mais tarde, Jesus o encontrou no templo e lhe disse: Olha que já estás curado; não peques mais, para que não te suceda coisa pior.

Do que adianta ter um nome e a essência mostrar outro nome? Betesda, o tanque do derramamento, o tanque da misericórdia, tinha mais fama do que eficácia.

A igreja local pode se tornar uma espécie de tanque de Betesda. Pode ser um lugar que anuncia cura e restauração, mas as pessoas continuarão enfermas. Com o passar do tempo poderá criar ritos na expectativa de que, através desses ritos, algo poderoso aconteça. Programas e atividades são criadas na tentativa de atrair e alcançar pessoas, mas a verdadeira mudança de vida, cura e restauração não acontecem.

Por que Jesus não agiu plenamente naquele lugar? Por que não realizou um grande mover entre os que ali estavam? Leonard Ravenhil, disse que “a maior vergonha dos nossos dias é que a santidade que ensinamos é anulada pela impiedade do nosso viver”. O Rev. Hernandes comenta: “Há um divórcio entre o que a Igreja prega e o que a igreja vive. Há um hiato entre o sermão e a vida, entre a fé e as obras. Hoje os crentes não vivem o que pregam e pregam o que não praticam”.

Para Jesus, o nome não definia aquele lugar:

1. Era lugar de cura e misericórdia, mas não eram poucos os que agonizavam com as mais variadas enfermidades - v.3 Nestes, jazia uma multidão de enfermos, cegos, coxos, paralíticos

2. Era lugar de cura e misericórdia, mas com cura seletiva, para os mais "espertos" e por “ritos” mais fundamentados em crendices do que nas verdades bíblicas v.4 esperando que se movesse a água. Porquanto um anjo descia em certo tempo, agitando-a; e o primeiro que entrava no tanque, uma vez agitada a água, sarava de qualquer doença que tivesse.

3. Era um lugar de cura e misericórdia, mas o que sustentava a casa cheia não era a cura e a misericórdia, mas a disputa individual para alcançar tais benefícios – e o que primeiro entrava (era cada um por si e um anjo pra todos)

4. Era um lugar de cura e misericórdia, mas se vivia ali por muitos anos sem experimentar nenhum tipo de restauração ou cuidado v.5 Estava ali um homem enfermo havia trinta e oito anos.

5. Era um lugar de cura e misericórdia, mas a maioria das pessoas eram ignoradas v.6 Jesus, vendo-o deitado e sabendo que estava assim há muito tempo, perguntou-lhe: Queres ser curado?

6. Era um lugar de cura e misericórdia, mas não havia amor recíproco entre os que ali estavam. Os interesses pessoais sempre prevaleciam v.7 Respondeu-lhe o enfermo: Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque, quando a água é agitada; pois, enquanto eu vou, desce outro antes de mim.

7. Era um lugar de cura e misericórdia, mas Jesus estava ali e ninguém o reconhecia v.11 Ao que ele lhes respondeu: O mesmo que me curou me disse: Toma o teu leito e anda.

Será que Jesus mudou? Hebreus 13.8 Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre. Será que Deus não quer curar e restaurar a todos o que o buscam? Isaías 59:1,2 Eis que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar; nem surdo o seu ouvido, para não poder ouvir. Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça.

Por que Jesus não tem agido em nosso meio? Por que Jesus não tem agido em nossa família? Vamos mudar a pergunta: Como temos vivido como igreja? Como tem sido o nosso comportamento como cristãos? Será que temos honrado o nome que levamos? Há coerência entre o nosso nome e a nossa prática?

Se não cuidarmos, deixaremos de ser uma igreja e nos tornaremos um lugar cheio de pessoas doentes e que preferem continuar doentes, pois esse é o ambiente que sempre conviveu. Um lugar que cria o seu próprio jeito de agir e ser e se afasta do modelo de igreja deixado na Bíblia que é a nossa única regra de fé e prática. Um lugar onde se aproximar e ajudar uns aos outros se torna cada dia mais difícil, pois a individualidade tem "engolido" a comunidade. Um lugar onde quem chega e quer de fato ser restaurado não consegue porque não tem ninguém que se aproxime para ajudar.

Não podemos nos tornar uma igreja onde as pessoas são ignoradas. Pessoas são mais importantes que os ritos ou programas que estivermos desenvolvendo como igreja.

Eu creio que Jesus continua o mesmo hoje – é isso que lemos na Bíblia. Creio que Deus quer agir de forma poderosa no nosso meio. Creio que é desejo de Deus restaurar plenamente quem tem sido bombardeado com tantas dores e também quem tem sido impossibilitado de caminhar normalmente. Mas também creio que podemos perder o tempo da história e nos tornarmos um tipo “tanque de Betesda”, onde as pessoas chegam precisando de cura e restauração, mas não experimentam o que Jesus tem a oferecer.

Uma palavra a você que tem procurado sinceramente restauração e cura em Jesus. Algo muito claro no texto é o desejo dele de restaurar e curar quem de fato quer ser restaurado e curado. Isso é fantástico na Bíblia. Ainda que a grande maioria esteja alheia a presença poderosa de Jesus em um lugar, um coração sincero ali presente pode alcançar um milagre da parte do Senhor.

Algumas lições que podemos guardar com essa história:

1. Não basta ter nome, nem tampouco fama. É preciso ter essência e eficácia. Isso se aplica a igreja e a cada cristão.

2. A possibilidade de se tornar uma igreja que prega uma coisa e vive outra sem que os presentes percebam que isso está acontecendo é uma realidade.

3. O individualismo pode se tornar um monstro destruidor da vida em comunidade.

4. Ter Jesus no ambiente e não perceber a sua presença, nem experimentar do seu poder é mais comum do que imaginamos.

5. Mesmo em ambientes infestados de desatentos e religiosos, Jesus ainda age poderosamente naquele que é sincero na sua busca pela ação de Deus em sua vida.

6. Ontem, hoje e sempre, Jesus é o dono da Igreja e só ele tem todo o poder para transformar vidas. Que aprendamos a não fundamentar a nossa fé em ritos ou programas “que dão certo”.


Que Deus nos dê forças para sermos chamados de igreja e vivermos como igreja, sermos chamados de cristãos e refletirmos Cristo em nossas vidas.

Uma boa semana pra você.

Ricardo Carvalho

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