segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Quer viver COMUNIDADE?

Viver Comunidade não é nada fácil. São muitos “diferentes” juntos em busca de um só propósito. Lembro bem de uma fábula que circula pela Internet chamada “O marceneiro e as ferramentas

Contam que, em uma marcenaria, houve uma estranha assembleia. Foi uma reunião onde as ferramentas se juntaram para acertar suas diferenças. Um martelo estava exercendo a presidência, mas os participantes exigiram que ele renunciasse. A causa? Fazia demasiado barulho e, além do mais, passava todo tempo golpeando. O martelo aceitou sua culpa, mas pediu que também fosse expulso o parafuso, alegando que ele dava muitas voltas para conseguir algo. Diante do ataque, o parafuso concordou, mas, por sua vez, pediu a expulsão da lixa. Observou que ela era muito áspera no tratamento com os demais, entrando sempre em atritos. A lixa acatou, com a condição de que se expulsasse também o metro, que sempre media os outros segundo a sua medida, como se fosse o único perfeito. Nesse momento, entrou o marceneiro, juntou todas as ferramentas e iniciou o seu trabalho. Utilizou o martelo, a lixa, o metro, o parafuso... E a rústica madeira se converteu em belos móveis, úteis e funcionais! Quando o marceneiro foi embora para casa, as ferramentas voltaram à discussão. Mas o serrote adiantou- se e disse: - Senhores, hoje ficou demonstrado que temos defeitos, mas o marceneiro trabalha com nossas qualidades, ressaltando nossos pontos valiosos... Portanto, em vez de pensar em nossas fraquezas, devemos nos concentrar em nossos pontos positivos! Então, a assembleia entendeu que o martelo era forte, o parafuso unia e dava força, a lixa era especial para limpar a afinar asperezas, o metro era preciso e exato. Todos se sentiram como uma equipe, capaz de produzir com qualidade... E uma grande alegria tomou conta de todos pela oportunidade de trabalharem juntos.

A carta de Paulo aos Romanos é marcante. Em determinado momento, especificamente no capítulo 12:9-21, Paulo abre o jogo sobre relacionamento na igreja. Um bom exemplo do que significa viver COMunidade.

Sem rodeios, vamos listar 12 formas práticas para viver comunidade:

1. Construa relacionamentos verdadeiros – v.9

“O amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao bem”. Isso significa sem dissimulação, com toda sinceridade. Quem são os seus amigos? Até que ponto você pode se relacionar com os seus amigos sendo você mesmo? Não há como viver comunidade se não vivemos sem máscaras.

2. Considere sempre o seu próximo melhor do que você mesmo – v.10

“Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros”. Considerar cada um os outros superiores a si mesmo. Ninguém gosta de se sentir por baixo. A natureza humana sempre nos puxa para cima. Eu quero ser sempre o melhor. Aprender a olhar com honra para o próximo é um enorme desafio para cada um de nós.

3. Deixe que o Espírito Santo o impulsione a servir – v.11

“No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor”; ou seja, não sejais vagarosos no cuidado. Entrar no nosso mundo e vivê-lo esquecendo-se do outro é muito fácil. O fervor deve ser continuamente alimentado na nossa vida. A gente não pode perder de vista que todo o nosso serviço é para o Senhor. Ser movido por Deus nesse sentido é algo espetacular. Perder de vista esse entusiasmo, é perder a oportunidade de crescer como comunidade.

4. Com esperança eterna e oração, encare e trate os problemas de relacionamentos que surgem – v.12

“regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes”; John Murray disse: “A medida da nossa perseverança no meio da tribulação é a medida da nossa diligência na oração. A oração é o meio estipulado por Deus para o suprimento de graça suficiente para toda situação, e particularmente para superar o desânimo que a aflição nos tenta”. Não desista quando os problemas surgirem. Mantenha acesa a esperança eterna, ore e trate os relacionamentos afetados. Isso fará um bem tremendo.

5. Abra as portas do seu coração e da sua casa – v.13

“compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade;” A pobreza e a perseguição muito comum na igreja primitiva tornaram essas atitudes extremamente relevantes e deram a igreja uma grande oportunidade para vivenciar o verdadeiro significado da comunhão cristã. Vale lembrar de Hb 13:2 Não negligencieis a hospitalidade, pois alguns, praticando-a, sem o saber acolheram anjos e, 1 Jo 3:17 Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus? Que tal convidar um irmão para tomar um café com pão?

6. Não permita que a ação do outro determine a sua reação – v.14

“abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis”. Aí está um grande desafio da vida cristã. Você não aprova o caráter de quem te faz o mal, mas exercita o amor a essa pessoa. Veja as palavras de Jesus em Lc 6:28 bendizei aos que vos maldizem, orai pelos que vos caluniam. Quando Paulo cita esse tremendo desafio, somos levados a lembrar do aprendizado que ele mesmo teve com Estevão quando estava sendo apedrejado. At 7:60 Senhor, não lhes imputes este pecado. Geoffrey Wilson diz no seu comentário: “O jovem Saulo aprendeu pela primeira vez a diferença entre os resultados da justiça da lei e o triunfo da graça através da obediência memorável de Estevão a esta exigência ‘impossível’”. R. L. Dabney diz: “Quando Jesus Cristo nos manda amar os nossos inimigos, é com o amor da benevolência e da compaixão... Este amor de benevolência pela pessoa de um homem mau deve ser, no cristão, o reflexo finito do que existe em Deus, limitado apenas pelo atributo superior da justiça”.

7. Envolva-se nos sentimentos do seu próximo – v.15

“Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram”. Lenski diz: “Assim como o gozo dividido é dobrado, assim também a tristeza dividida é reduzida à metade”. O pastor Shedd, pensando nesse texto cita João Crisóstomo que “observa que é mais fácil chorar com os que choram que se alegrar com os que se alegram; porque a própria natureza estimula o primeiro, mas a inveja bloqueia o segundo”. Se seu irmão está triste, chore com ele. Se ele está alegre, não fique com raiva. Vibre com ele diante da sua alegria.

8. Inclua sempre por mais que você enxergue diferenças – v.16

“Tende o mesmo sentimento uns para com os outros; em lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o que é humilde; não sejais sábios aos vossos próprios olhos”. Vivemos a era da inclusão em várias áreas da vida, menos nos relacionamentos. As diferenças de dons e capacidades nunca podem se tornar entre os cristãos uma desculpa para qualquer diferenciação. Parece uma junção de vários textos da Bíblia em um só – Tende o mesmo sentimento (fp 2:2 – Tende em vós o mesmo sentimento de Jesus), no lugar de serdes orgulhosos (1 Co 13:5 – Não busca seus próprios interesses); não sejais sábios (Pv 3:7). Palavra forte nesse versículo – Não seja soberbo; aprenda a andar com quem tem uma posição inferior; aprenda a andar com gente humilde.

9. Livre-se de todo sentimento de vingança e mantenha um bom testemunho diante de todos – v.17

“Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens;” Reparação pública é uma ação de um magistrado, baseado na justiça e lei. Vingança é agir por conta própria e revidar com as próprias mãos. Em se tratando de relacionamentos, aprenda a resolver cada questão no seu devido lugar. Utilizar os princípios bíblicos é o melhor caminho. (Mt 18 é um bom exemplo) Evitar envergonhar a nossa confissão de fé é um grande desafio. Manter um bom padrão de conduta glorifica a Deus.

10. Use todos os meios possíveis para promover a paz – v.18

“se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens;” Começar com a expressão “se possível” demonstra que nem sempre será possível, mas se depender de mim farei todo o esforço para preservar o ambiente de paz. Em Hb 12:14 lemos: Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.

11. Aprenda a entregar nas mãos de Deus tudo o que fazem contra você – v.19

“não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor”. Ficar irado faz parte da vida cristã. Alguém fez algo contra você, procure um lugar e grite colocando pra fora toda a ira. Mas lembre-se que a linha que separa a ira santa da ira pecaminosa é tênue. Você muda de uma para a outra, sem perceber. Legal o cuidado de Paulo ao acrescentar a expressão “amados”. Não é nada fácil esse pedido. Lemos em Hb 10:30 Ora, nós conhecemos aquele que disse: A mim pertence a vingança; eu retribuirei. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. Vingança e recompensa são prerrogativas de Deus. Sendo assim, preciso entregar tudo nas mãos dele.

12. Aja com quem se levanta contra você como Jesus agiria – v.20,21

“Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem”. Aqui está uma citação de Pv 25:21.22 Se o que te aborrece tiver fome, dá-lhe pão para comer; se tiver sede, dá-lhe água para beber, porque assim amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça, e o SENHOR te retribuirá. Paulo elimina o final “o Senhor te retribuirá”. Tratar com bondade quem nos faz o mal é, no mínimo, deixar essa pessoa de cabeça quente. “O mal não é vencido pela retaliação, mas pode ser conquistado pela bondade”. Os ensinamentos de Jesus no quesito relacionamento são fortíssimos.

Diante dessa palavra do apóstolo Paulo, dizer o que mais?

Fomos chamados para viver comunidade e estar junto com “diferentes” é um grande desafio. Mas como comunidade é ideia de Deus, então é possível experimentar dessa grandeza.

Faça a sua parte.

Ricardo Carvalho

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