segunda-feira, 15 de agosto de 2011
DOIS PAIS, DOIS MODELOS DISTINTOS
Ser pai não é uma tarefa fácil. Como pai preciso ser um refúgio para os meus filhos, ou seja, alguém para quem eles possam correr e em quem encontrarão refúgio. Preciso ser amigo cordial e íntimo. Mais ainda, preciso ser um sustentador para que eles consigam vencer as dificuldades da vida. Preciso ser um companheiro, estar presente na vida dos meus filhos, ser um conselheiro e guia, funcionar como uma lente, dando aos meus filhos a visão correta das coisas. Preciso ser um pai perdoador e nunca guardar rancor. Meus filhos precisam confiar em mim.
A Bíblia traz várias histórias de pais. Duas delas me chamaram a atenção. Uma no Antigo Testamento e a outra no Novo Testamento.
No AT encontrei a história de Eli, um sacerdote e juiz. Eli tinha dois filhos. Os seus filhos seguiram a carreira do pai como era determinação de Deus. Eram sacerdotes também, mas a vida deles não combinava com a atividade que exerciam. Eram terríveis em suas atitudes. Não levavam a sério nada do que era feito no templo e, para completar, viviam em plena prostituição. Eli ouvia falar o que os seus filhos faziam, mas não era enérgico o suficiente para retirá-los da vida que estavam levando. O resultado final foi a morte dos dois filhos no mesmo dia e um caos familiar que jamais pode ser restaurado. Você pode ler essa história no primeiro livro de Samuel, capítulos 2,3 e 4.
No NT encontrei a história de Jairo, um chefe da Sinagoga, o local de ensino da lei. Jairo tinha uma filha com 12 anos de idade que estava profundamente enferma. Sabendo que Jesus estava na sua região, saiu ao seu encontro e lhe pediu que fosse até a sua casa para curar a sua filha amada. O resultado final da história é uma experiência de vida na família com ressurreição e cura da sua filha querida.
São duas histórias muito parecidas com finais distintos.
Existem algumas semelhanças entre esses homens. Eram homens importantes na sua época – Eli era sacerdote e juiz; Jairo chefe da Sinagoga. Eram homens religiosos que conheciam a lei de Deus e tinham o compromisso de ensinar a Palavra de Deus ao povo. Eram homens que conheciam a realidade dos seus filhos – Eli sabia dos pecados dos filhos, assim como Jairo sabia da enfermidade da sua filha. Os dois ouviram notícias de morte dos filhos. Eram homens que recebiam orientações de Deus – Deus falou com Eli, assim como Jesus falou com Jairo.
O que a gente descobre, observando esses dois homens, é que ambos tiveram as mesmas oportunidades de Deus. O que contou foi a reação de cada um diante do que recebeu e ouviu.
Em que a história deles teve rumos diferentes?
Eli manteve uma vida excessivamente ocupada em atividades temporárias, pois era juiz e sacerdote ao mesmo tempo. Jairo não deixou que as suas atividades religiosas como chefe da sinagoga fossem mais importantes do que a sua família. Gastamos muito tempo em atividades que não tem valor eterno e perdemos a oportunidade de investir na salvação dos nossos filhos.
Eli teve sempre alguém aos seus pés para ser julgado ou ensinado, afinal essa era a atividade dele. Jairo, mesmo tendo o compromisso de ensinar e ter pessoas aos seus pés, preferiu buscar os pés de Jesus.
Eli não se gastou diante de Deus em favor dos seus filhos. Em toda história não encontramos Eli buscando Deus em favor dos seus filhos. Jairo insistiu em Jesus até ver a manifestação do seu poder em seu lar. Qual a última vez que você orou pelos seus filhos? Pelo casamento dos seus filhos? Pela sexualidade dos seus filhos? Vale muito investir em oração pelos filhos.
Eli envolveu-se tanto na religiosidade que perdeu a noção do sagrado, Jairo buscou um relacionamento com Jesus, pois sabia quem Ele era e o que era capaz de fazer. Cristianismo não é religião. Cristianismo é relacionamento. Estamos tão acostumados com as práticas religiosas que não temos mais a sensibilidade para ouvir a voz de Deus. Tornamo-nos religiosos praticantes sem a menor intimidade com o Todo-Poderoso.
Eli se mostrou muito preocupado com aquilo que o povo dizia a respeito da sua família. Foi isso que ele disse aos filhos. O que pesava para ele era a sua reputação como líder religioso. Jairo, para ver a filha restaurada, não se preocupou com nada daquilo que poderiam falar a seu respeito. Naquele contexto, onde os judeus faziam uma severa oposição a Jesus, buscar a sua presença era correr o risco de ser rejeitado. Eli não gostou do que ouviu por causa da sua posição. Jairo nem se importou pelo fato de ser o chefe da Sinagoga e pela provável retaliação por ter procurado Jesus.
Eli deixou que os filhos se “alimentassem” como quisessem. Os filhos de Eli arrancavam do povo as carnes que eram oferecidas em sacrifício, sem o menor respeito e viviam engordando comendo o que queriam e do jeito que achavam melhor. Jairo cuidou da “alimentação” da sua filha. Vivemos em dias onde os nossos filhos fazem o que querem. Fico estupefato ao ver a falta de limites dentro dos lares. Cada um diz como quer viver e os pais ficam em silêncio observando essa desgraça no meio da família. Muitos pais choram hoje porque um dia não estabeleceram limites e uma conduta na vida dos seus filhos. Jesus disse a Jairo, “dá de comer a sua filha”. Em outras palavras, cuide do crescimento dela. Acompanhe esse crescimento. Estabeleça uma caminhada para ela.
Eli não reagiu quando a morte dos seus filhos foi anunciada, Jairo ficou com Jesus e não desistiu até ver a vida de volta ao seu lar. Jairo aprendeu e creu quando Jesus manifestou o seu poder curando uma mulher. Eli, mesmo tendo diversas manifestações do Senhor não praticou o que aprendeu. Eli definiu que não havia mais tempo para fazer nada. Jairo aprendeu que o tempo nunca é perdido e tudo pode ser recuperado. Foi assistindo a cura de uma mulher que há 12 anos estava enferma que ele pode aprender que a sua filha de 12 anos poderia ser curada.
Eli trabalhou na casa de Deus, mas era insensível à Palavra do Senhor. Jairo trabalhou para Deus e confiou na Sua Palavra aguardando o cumprimento da mesma. Jesus foi até a casa de Jairo. Deus se afastou da família de Eli.
Quais lições podemos retirar das duas histórias?
1. A inversão de valores pode trazer conseqüências eternas na nossa família. Se o mais valioso para mim são as minhas atividades temporárias, então eu poderei com muita facilidade negligenciar aquilo que é eterno.
2. Ser religioso e estar bastante envolvido no trabalho de Deus não substitui a minha responsabilidade como pai e sacerdote do meu lar.
3. Deus dá a todos nós instrução sobre como trazer vida para o nosso lar. O que conta é a nossa reação diante dessa palavra.
4. Investir tempo com Deus em favor dos filhos sempre traz resultados abençoados.
5. O que conta mesmo no final das contas e se Deus tem prazer de estar em nossa casa.
Feliz dia dos Pais e boa reflexão
Ricardo
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