segunda-feira, 25 de junho de 2012

DANIEL E AS IGUARIAS DO REI – PARECIA UMA BÊNÇÃO, MAS ERA MALDIÇÃO



Daniel 1

Vivemos um dos momentos mais preocupantes da história do cristianismo. Os valores absolutos estão se tornando praticamente extintos e o pensamento individual tem se tornado verdade absoluta na vida de cada indivíduo. Cada um declara abertamente a sua opção sexual, espiritual, filosófica, material, e por aí vai.

O nosso contexto demonstra a mesma coisa que aconteceu em Gênesis 11 quando os homens se juntaram e tentaram a todo custo tornar o próprio nome conhecido e famoso no mundo inteiro. A consequência foi uma enorme confusão provocada por Deus. Vivemos uma enorme confusão de ideias e pensamentos, cada um definindo o seu próprio modo de viver.

Isso tem afetado profundamente a igreja. Não estamos imunes a isso. Estamos agindo de acordo com o nosso contexto. Nós conseguimos separar vida espiritual, limitando-a aos nossos momentos devocionais aos domingos, da nossa vida secular.

A confusão citada em Gênesis 11 permaneceu naquela terra com o passar dos anos. Sinar se tornou a Babilônia dos dias de Daniel. Quem conhece a história sabe que Judá foi levado cativo para a Babilônia. Sinar – Babilônia; o lugar da torre de babel (Gn 11:2); era sinônimo de oposição a Deus; de inimizade com Deus, era o lugar em que a perversidade tinha a sua morada (Zc 5:5-11); a retidão poderia esperar oposição; lugar caracterizado pela altivez, idolatria, feitiçaria.

Foi nesse contexto que Daniel foi inserido. A possibilidade de se tornar parte daquele contexto era enorme. Assim como nós. Facilmente somos induzidos a conduzir a nossa vida de acordo com o contexto que nos cerca. Por sermos mais guiados pelo contexto do que pela Palavra de Deus, muitas vezes, encontramos a “bênção” de Deus naquilo que a Bíblia chama de maldição; sentimos paz naquilo que deveria causar inquietação.

Daniel chegou na Babilônia aguardando uma sequência de sofrimentos, mas o que poderia ser ruim pareceu uma grande bênção de Deus na sua vida. Foi escolhido entre os demais, com mais três amigos, para ser alimentado no palácio, aprender tudo sobre a terra e servir ao rei posteriormente.

Para Daniel e seus amigos, receber aqueles benefícios seria a destruição da caminhada com Deus. Deus abençoou profundamente a vida de Daniel e tudo por causa de algumas decisões cheias de discernimento espiritual.

Acredito que essa é uma das maiores carências da igreja. Confesso que fico assustado muitas vezes com o que ouço de pessoas que já estão há um bom tempo no contexto de igreja. Discernimento não tem sido um dom desejado pela igreja. E quando falo de discernimento, falo da necessidade de discernirmos qual o espírito que está por trás daquilo que estamos vivendo ou fazendo. Não podemos, nunca, ignorar os desígnios de satanás.
Daniel sabia onde estava, sabia porque estava ali, sabia das consequências de cada gesto, de cada atitude. Ele me ensina a viver hoje num contexto semelhante ao que ele foi inserido. Vivemos em Sinar, num ambiente de profunda oposição a Deus e sua Palavra, ambiente confuso, com várias verdades e cada um optando por estilo de vida. Somos bombardeados por uma mídia destruidora da família, alimentadora da promiscuidade. Uma mídia que ridiculariza o cristão e aplaude o iníquo. Ser correto nos nossos dias é vergonhoso. Ser cristão é alienação. Ser pastor é ser ladrão. Daniel surpreende e resolve ser servo no meio de uma terra distante de Deus.

Algumas lições preciosas que retiramos do texto:

Você pode luz ainda que inserido em um contexto de trevas – v.2

Jesus disse em Mt 5: 14-16 Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa. Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.

Muitas vezes é inevitável o fato de estarmos num ambiente de oposição a Deus. Ruas, cidade, escola, país, trabalho, universidade, etc. Mas podemos ser luz. Daniel nos mostra isso. Mesmo estando em Sinar ele não deixou de ser servo de Deus.

Discernimento nos ajuda a não enxergar bênção na maldição – v.5

“Determinou-lhes o rei a ração diária, das finas iguarias da mesa real e do vinho que ele bebia, e que assim fossem mantidos por três anos, ao cabo dos quais assistiriam diante do rei”.

Aparentemente, uma grande bênção, porque além de serem bem tratados, teriam o privilégio de aprender sobre a cultura do país e, mais adiante, servir ao rei daquela terra. Agora eles precisavam discernir e decidir como se ajustariam para viver em um ambiente que fazia oposição às suas convicções religiosas. Todo envolvimento transcultural precisa ser bem analisado e estudado quanto as implicações das decisões tomadas.

Daniel aceita a reeducação e o novo nome, mas não aceita comer a mesma comida do rei. O ponto principal – Toda comida na Babilônia ou na Assíria era ritualmente impura – Ez 4:13; Os 9:3,4

Ef 5:5-10 Sabei, pois, isto: nenhum incontinente, ou impuro, ou avarento, que é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus. Ninguém vos engane com palavras vãs; porque, por essas coisas, vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência. Portanto, não sejais participantes com eles. Pois, outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz (porque o fruto da luz consiste em toda bondade, e justiça, e verdade), provando sempre o que é agradável ao Senhor.

A percepção de Daniel ia além do que estava na sua frente. Ele não era um vegetariano, mas discernia bem de perto as consequências espirituais diante de um simples ritual – alimentar-se da iguarias do rei.

Temos andado muito distraídos. Talvez para muitos isso seria uma honra, um privilégio... Nem sempre o que parece bênção é de fato uma bênção. Precisamos cortar tudo o que fazemos ou recebemos com a Palavra de Deus. Está na Bíblia? Deus aprova? Jesus no meu lugar faria o mesmo?

Muitas vezes aquilo que é aparentemente simples, pode ser destruidor as nossas vidas – v.8

“Resolveu Daniel, firmemente, não contaminar-se com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então, pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não contaminar-se”.

Pelos padrões orientais, compartilhar de uma refeição era se comprometer a uma amizade. Comendo das iguarias, aceitavam uma obrigação de lealdade ao rei. Alimentar-se junto com outro tinha uma significação pactual – Gn 31:54; Ex 24:11; Ne 8:9-12; Mt 26:26-28

Daniel preferiu rejeitar esse símbolo de dependência do rei para estar livre na sua relação com Deus.

A falta de discernimento tem feito que declaremos frases que se tornaram muito comuns entre nós: “Mas o que isso tem demais?” “Pra que esse radicalismo todo?” “É tão comum, todo mundo faz”

As iguarias do príncipe deste mundo tem atraído a muitos de nós. Faço esta oração: Deus, levanta adolescentes, jovens, adultos, idosos, que rejeitem, que resolvam firmemente não contaminar-se com as iguarias do príncipe deste mundo!

Deus estabeleceu sua Palavra para discernirmos entre o puro e o impuro.

A disposição de uma vida santa agrada a Deus e inspira pessoas– v.9

Ora, Deus concedeu a Daniel misericórdia e compreensão da parte do chefe dos eunucos.

De Deus ele encontrou misericórdia. E esse mesmo Deus mexeu no coração do chefe dos eunucos para compreender a atitude.

Pv 16:7 Sendo o caminho dos homens agradável ao SENHOR, este reconcilia com eles os seus inimigos.

A prática de uma vida disciplinada provoca consequências positivas na nossa vida como um todo – v.12,13

Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias; e que se nos dêem legumes a comer e água a beber. Então, se veja diante de ti a nossa aparência e a dos jovens que comem das finas iguarias do rei; e, segundo vires, age com os teus servos.

O resultado de 10 dias justificou a confiança de Daniel de que a mudança não traria nenhum prejuízo ou problema para ninguém.

1o As suas feições eram diferentes – v.15 No fim dos dez dias, a sua aparência era melhor; estavam eles mais robustos do que todos os jovens que comiam das finas iguarias do rei.

2o As suas mentes eram diferentes – v.17 Ora, a estes quatro jovens Deus deu o conhecimento e a inteligência em toda cultura e sabedoria; mas a Daniel deu inteligência de todas as visões e sonhos.

3o As suas vidas eram incomparáveis – v.19 Então, o rei falou com eles; e, entre todos, não foram achados outros como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; por isso, passaram a assistir diante do rei.

4o As suas capacidades superabundavam a dos demais – v.20 Em toda matéria de sabedoria e de inteligência sobre que o rei lhes fez perguntas, os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos e encantadores que havia em todo o seu reino.

Você pode continuar sendo uma bênção e influenciando vidas – Daniel continuou

... Precisamos ser diferentes, precisamos continuar diferentes.

v. 21 Daniel continuou até ao primeiro ano do rei Ciro.

Que Deus ministre ao seu coração da mesma forma que ministrou ao meu.

Boa semana

Ricardo Carvalho

segunda-feira, 11 de junho de 2012

MARTA E MARIA - Atitudes distintas diante da mesma oportunidade


Você já perdeu uma grande oportunidade? Por vezes ela não se repete. Simplesmente passa e não volta. Como você reage diante das oportunidades de Deus na sua vida? Oportunidades da vida podem ser perdidas e lamentadas, mas as oportunidades de Deus quando perdidas trazem sérios prejuízos espirituais.

Marta e Maria receberam Jesus em casa (Lucas 10). Poucos lares tiveram o privilégio de hospedar Jesus. Marta, Maria e Lázaro tiveram essa grata experiência. Eu fico imaginando como seria a minha reação ao receber Jesus. Como você acha que reagiria aquela presença tão ilustre?

Vejamos as atitudes das mesmas:

MARTA

1. Abriu a sua casa para Jesus – “hospedou” – v.38

Ela queria ter Jesus na sua casa e escancarou as portas para recebe-lo. Hospitalidade é algo que deveria ser experimentado por todos nós. A Bíblia ordena a hospitalidade – Hebreus 13.2 Não negligencieis a hospitalidade, pois alguns, praticando-a, sem o saber acolheram anjos.

Vivenciar isso é fazer algo que agrada ao coração de Deus. Marta queria ter Jesus em sua casa e o recebeu com o melhor que podia.

2. Aproveitou a oportunidade para fazer algo especial para Jesus – “agitava-se de um lado para outro” – v.40a

Ela fez o que nós fazemos quando temos uma pessoa ilustre na nossa casa. Fazemos o melhor que pudermos para receber bem essa pessoa. Não há erro algum em fazer o melhor se isso não nos tira do foco. O grande problema em Marta foi a correria desenfreada para ver se dava tempo para fazer tudo o que queria.

3. Experimentou momentos de proximidade de Jesus – “se aproximou de Jesus”- v.40b

Afinal Jesus estava em sua casa e não era difícil chegar perto dele. Jesus era acessível e isso facilitava a aproximação. Ela se aproximou de Jesus. Esse é um dos pontos que me impressionam na Bíblia. O livre acesso a Jesus.

4. Preferiu decidir o que fazer de forma independente

Ela tinha planos para uma boa refeição ou coisa parecida e resolveu se empenhar nos seus projetos de hospedagem. No fundo era algo comum na sua vida. Jesus estava ali e como fazer o melhor era o seu desejo, ela resolver fazer do seu jeito.

5. Deixou que a agitação e a preocupação fossem o combustível da sua vida

Fator comum a todos nós que queremos fazer as coisas acontecerem. Entramos numa roda viva e, quando menos imaginamos, estamos completamente envolvidos em preocupações e numa correria sem fim.

MARIA

1. Além da porta da casa, abriu também o seu coração – v.39a

As coisas começam a ficar diferentes. Para Maria era muito bom tê-lo em casa, mas melhor ainda era tê-lo presente no coração. O mais importante para Maria era vivenciar aquela oportunidade com toda intimidade possível. Ela sabia que tudo o que acontecesse naquela ocasião provocaria uma repercussão incrível na sua vida. Tê-lo em casa era muito bom, mas melhor ainda era tê-lo presente na sua vida.

2. Aproveitou a oportunidade para ouvir algo especial de Jesus – “ouvir-lhe os ensinamentos”- v.39c

Jesus não ficava calado quando estava nas casas. Se estudarmos com cuidado esses momentos dentro das casas, veremos que eram momentos de profundo ensinamento, detalhamento das parábolas, explicações de temas difíceis. Dentro das casas a conversa era sempre mais íntima e mais profunda. Maria aproveitou cada ensinamento ministrado por Jesus.

3. Não apenas se aproximou, mas permaneceu com Jesus quedada aos seus pés” – v.39b

Essa é a expressão bíblica presente no texto. Isso é intimidade. Isso é adoração. É o mesmo que encontrar o trono do altíssimo e dali não se afastar. Deus se agrada daqueles que descobrem a intimidade.

Salmo 25:14 A intimidade do SENHOR é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança.

Jesus gostava de intimidade. Ele demonstrou isso quando os discípulos tentaram impeder que as crianças se aproximassem.

Mateus 19:14 Jesus, porém, disse: Deixai os pequeninos, não os embaraceis de vir a mim, porque dos tais é o reino dos céus.

Jesus não impediu que mulheres se prostrassem e molhassem os seus pés com lágrimas e perfume. Jesus sabia que aquilo faria uma enorme diferença nessas vidas. Maria ficou quedada – parada, quieta, demorou, manteve-se ali, permaneceu o tempo todo.

4. Demonstrou durante todo o tempo dependência de Jesus – “aos seus pés”

A rendição é gesto que gera crescimento. “Render-se” não é uma palavra muito agradável aos nossos ouvidos. Rendição é perda. Nós não gostamos de perder. O que mais gostamos é de contar sucessos e vitórias pessoais. Só que com Deus a nossa vida spiritual só acontece com a rendição. Somente quando nos rendemos descobrimos a adoração. E são os adoradores que Deus tem procurado, ou seja, homens e mulheres que se submetem a ele. Maria escolheu a rendição como estilo de vida.

5. Escolheu a boa parte – e esta não foi retirada da sua vida – v.42

Na teoria nós sabemos qual a melhor parte, mas na prática essa boa parte nem sempre tem sido escolhida. Maria escolheu. Maria decidiu. Maria quis a boa parte. E a palavra de Jesus é clara. Ela escolheu isso, ninguém vai retirar isso da sua vida.

Somos muito mais “Martas” do que “Marias” em nossas reações:

Até abrimos a nossa casa, mas temos dificuldade para abrir o nosso coração. Marta abriu as portas da casa, mas o seu coração continuou cheio de agitação e preocupação. Deus tem acesso a todos os corações e tem acesso irrestrito, mas esse mesmo Deus espera de nós entrega irrestrita. Não estou me referindo a momentos de “quebrantamento” durante o louvor, mas de um coração aberto para Deus e sua Palavra. Resistimos colocar em prática os ensinos de Deus. Resistimos obedecer a sua Palavra.

Jogamos fora, por vezes, oportunidades preciosas de experimentarmos o melhor de Deus. Marta estava com Jesus em casa e deixou de aproveitar o melhor da visita, deixou de ouvir ensinamentos preciosos de Jesus. Deus fala conosco muitas vezes. Em várias ocasiões temos a oportunidade de crescer mais em Deus, mas perdemos essas oportunidades. Se tivéssemos a oportunidade de perguntar aqui a cada um sobre experiências que tiveram com Deus ficaríamos surpresos com as manifestações do Senhor em nossas vidas. Deus disse ao povo através de Jeremias 35.17 por isso, assim diz o SENHOR, o Deus dos Exércitos, o Deus de Israel: Eis que trarei sobre Judá e sobre todos os moradores de Jerusalém todo o mal que falei contra eles; pois lhes tenho falado, e não me obedeceram, clamei a eles, e não responderam.

A agitação e as preocupações tem nos cegado diante das oportunidades de crescermos com Deus. Marta conseguiu ficar diante de Jesus “de um lado para o outro”. Até quando vamos ficar nessa correria desenfreada? Até quando estaremos agitados de um lado para o outro? Nos tornamos uma geração movida pelas preocupações. Mateus 6.25 Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes? Filipenses 4.6 Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças.

Estamos mais ocupados em ter e fazer do que em ser. Marta queria fazer algo. Maria queria ser alguém. É tão simples avaliar isso na nossa vida. Escreva em um papel todos os seus projetos e o seu dia-a-dia. Depois de listar tudo, veja o que está voltado para o TER, FAZER e SER. Como já questionei em algumas ocasiões, até quando construiremos a nossa vida em cima de projetos temporários e negligenciaremos os projetos eternos?

Preferimos assumir o controle da nossa vida e definir o que é melhor para nós, do que deixar que Jesus instrua quais passos devemos tomar. Marta traçou o cardápio do dia e o que poderia fazer de melhor e, quando percebeu que os seus projetos de hospedagem não seriam concretizados, reclamou da escolha de Maria. Maria queria ouvir o que Jesus tinha a dizer. Maria encontrou a rendição como estilo de vida. Entregar-se, admitir a dependência é um grande desafio para todos nós.

Por não entendermos o que é a “melhor escolha” ficamos indignados com aqueles que já a fizeram. Marta não entendia porque Maria não se juntava a ela para fazer o melhor para Jesus. O serviço não é questionado no texto. Deus nos convoca ao serviço. Fomos chamados para servir. Servimos na igreja, servimos ao nosso próximo. Sempre que houver necessidades, devemos dispor a nossa vida para o serviço. O grande problema é quando confundimos as atividades de serviço com adoração e rendição.

Por vezes Jesus também precisa repetir o nosso nome de forma terna e carinhosa para entendermos que precisamos aprender a parar. Marta, Marta, foi o que disse Jesus de forma carinhosa. Em outras palavras, “Marta, me agrada mais a sua presença comigo do que tudo aquilo que você tenta fazer pra mim”.

Ainda não entendemos que vida cristã é algo simples e que tudo depende de um “boa escolha”. Precisamos recuperar a simplicidade da vida cristã. Precisamos redescobrir o lugar da adoração.

Jesus está em nossa vida e nós estamos correndo de um lado para o outro. Ele só nos observa e de vez em quando nos chama pelo nome dizendo: Pare um pouco; Descubra a boa parte.

Boa semana

Ricardo





segunda-feira, 4 de junho de 2012

INTIMIDADE COM DEUS - Exodo 33


É possível viver uma profunda intimidade com Deus no meio de uma geração corrompida? Vivemos em dias difíceis. Parece que tudo nos impulsiona na direção da superficialidade espiritual. Intimidade com Deus não é um dos temas mais pregados e praticados na vida eclesiástica.

Toda vez que penso em intimidade, penso em tempo, sossego, quietude... São palavras que não combinam com a minha realidade atual de correria e pressa para fazer o que é “preciso”.

Outro ponto que me incomoda é como definimos quem de fato vive essa intimidade. Os “íntimos” de Deus dos nossos dias não convivem com os demais mortais. São tão “íntimos” de Deus e tão alheios ao próximo. Imagine como fica a minha cabeça quando comparo essa galera com Jesus. Entro em parafuso...

Moisés viveu uma realidade muito parecida com a nossa. Moisés viveu essa intimidade com Deus no meio de uma geração corrupta e alheia a Deus.

Desculpe o meu exagero, mas o contraste é chocante quando leio o texto bíblico. Enquanto Moisés estava no monte buscando direção de Deus para o Seu povo, o povo de Deus estava embaixo tentando direcionar a vida do seu jeito. Enquanto Moisés ouvia a voz de Deus, o povo de Deus ouvia a voz do coração. Enquanto Moisés adorava a Deus, o povo de Deus adorava a figura de um bezerro feito por mãos humanas. Enquanto Moisés experimentava um tempo de restrição e jejum, o povo de Deus se levantava para se divertir.

A gente não entende porque Deus não se manifesta no nosso meio como antes. Imagine a santidade no meio da corrupção... Seria uma destruição.

Naqueles dias, dias de infidelidade e distância de Deus, Moisés viveu uma íntima e profunda relação com Deus. Tudo isso nos traz lições preciosas e que nos incentivam a buscar a verdadeira intimidade com o Senhor. Vejamos algumas lições preciosas que retiramos das experiências de Moisés:

1. Quem vive intimidade com Deus não precisa dizer nada, pois todos sabem que essa pessoa anda com o Senhor – v.7,8

Ora, Moisés costumava tomar a tenda e armá-la para si, fora, bem longe do arraial; e lhe chamava a tenda da congregação. Todo aquele que buscava ao SENHOR saía à tenda da congregação, que estava fora do arraial. Quando Moisés saía para a tenda, fora, todo o povo se erguia, cada um em pé à porta da sua tenda, e olhavam pelas costas, até entrar ele na tenda.

É tão interessante o detalhe do texto: “todo o povo se erguia e olhava”. Todo mundo sabia que Moisés iria ao encontro de Deus e que Deus viria ao seu encontro. Moisés não precisava dar explicações, nem tampouco mostrar que vivia uma relação íntima com Deus. Todos sabiam disso. Precisamos falar menos e viver mais. Precisamos "ser" mais e tentar "mostrar" menos. Os mais profundos momentos da nossa espiritualidade acontecem a sós com Deus. Redescobrir a quietude, o silêncio... arrancar a pressa e a atração pelo superficial nos conduzirá ao início de uma jornada em direção a “tenda da congregação” que fará uma enorme diferença em nossas vidas.

2. Intimidade atraí a presença de Deus e desperta a adoração – v.9,10

Uma vez dentro Moisés da tenda, descia a coluna de nuvem e punha-se à porta da tenda; e o SENHOR falava com Moisés. Todo o povo via a coluna de nuvem que se detinha à porta da tenda; todo o povo se levantava, e cada um, à porta da sua tenda, adorava ao SENHOR.

Vi algo interessante acontecendo na CPA estes dias. Era momento de louvor no Fim de tarde e, de repente aconteceu um pequeno problema com um instrumento. Parecia que algo iria interromper o momento de louvor, mas o contrário aconteceu. Deus se apresentou no nosso meio e houve um tempo especial de adoração. O Deus da Bíblia está entre nós e ainda quer manifestar o seu poder. A gente canta uma música que diz: “que minha vida cante a ti”. Estou cansado de cantar músicas, estou desejando profundamente adorar, atrair a presença de Deus e influenciar outras pessoas nessa direção.

3. Intimidade é profunda amizade com o Senhor – v.11

Falava o SENHOR a Moisés face a face, como qualquer fala a seu amigo; então, voltava Moisés para o arraial, porém o moço Josué, seu servidor, filho de Num, não se apartava da tenda.

Diferente dos demais profetas, Moisés se comunicava com Deus não através de visões ou sonhos, mas boca a boca. Eu não sei o que é isso! Você sabe? Sei apenas que isso é possível. Ter Deus como amigo intimo... que coisa incrível. Não é uma realidade distante de nós. Jesus veio ao mundo para estabelecer essa relação conosco.

Jo 15.15 Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer.

Essa é a relação que Deus quer ter conosco.

4. Intimidade trata o caráter e nos torna aprovados diante de Deus – v.12

Disse Moisés ao SENHOR: Tu me dizes: Faze subir este povo, porém não me deste saber a quem hás de enviar comigo; contudo, disseste: Conheço-te pelo teu nome; também achaste graça aos meus olhos.

Não tem como andar com Deus e ficar do mesmo jeito. Vida com Deus sempre mexe em caráter e muda a nossa postura.

5. Intimidade sempre transborda em compaixão – v.13

Agora, pois, se achei graça aos teus olhos, rogo-te que me faças saber neste momento o teu caminho, para que eu te conheça e ache graça aos teus olhos; e considera que esta nação é teu povo.

Você é íntimo de Deus? Verei isso nas suas atitudes em relação ao seu próximo. Intimidade com Deus nos aproxima do coração de Deus. O coração de Deus é cheio de misericórdia.

6. Intimidade não pode ser momentânea, mas deve fazer parte do dia a dia – v.14-16

Respondeu-lhe: A minha presença irá contigo, e eu te darei descanso. Então, lhe disse Moisés: Se a tua presença não vai comigo, não nos faças subir deste lugar. Pois como se há de saber que achamos graça aos teus olhos, eu e o teu povo? Não é, porventura, em andares conosco, de maneira que somos separados, eu e o teu povo, de todos os povos da terra?

A marca do povo de Deus é ter o Senhor no meio do seu povo. Por vezes, as nossas atitudes demonstram que queremos Deus em ocasiões onde surgem as necessidades, mas não o desejamos quando buscamos os nossos prazeres.

7. Intimidade mexe com o coração de Deus – v.17

Disse o SENHOR a Moisés: Farei também isto que disseste; porque achaste graça aos meus olhos, e eu te conheço pelo teu nome.

Só cinco homens na Bíblia foram capazes de mexer o coração de Deus. Homens que poderiam fazer Deus mudar de ideia.

Ez 14:14 ainda que estivessem no meio dela estes três homens, Noé, Daniel e Jó, eles, pela sua justiça, salvariam apenas a sua própria vida, diz o SENHOR Deus.

Jr 15:1 Disse-me, porém, o SENHOR: Ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante de mim, meu coração não se inclinaria para este povo; lança-os de diante de mim, e saiam.

É possível viver intimidade profunda com Deus. Que Ele nos ajude a fazer parte da sua lista.

8. Intimidade nos leva a buscar mais intimidade – v.18

Então, ele disse: Rogo-te que me mostres a tua glória.

O pedido de Moisés – Ver a glória de Deus, literalmente o seu “peso” ou a soma de tudo aquilo que Deus é. Ver Deus como ele é, é impossível ao homem. O homem não pode suportar a visão de Deus. Como o próprio texto indica, o homem pode apenas contemplar o lugar por onde Deus passou e assim conhece-lo por seus atos no passado e no presente.

A revelação de Deus veio através de Jesus que se tornou homem e habitou no meio de nós. Deus informa a Moisés que mostraria a ele toda a sua bondade. De uma forma mais clara mostraria a sua graça e misericórdia.

v.19-23 Respondeu-lhe: Farei passar toda a minha bondade diante de ti e te proclamarei o nome do SENHOR; terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia e me compadecerei de quem eu me compadecer. E acrescentou: Não me poderás ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá. Disse mais o SENHOR: Eis aqui um lugar junto a mim; e tu estarás sobre a penha. Quando passar a minha glória, eu te porei numa fenda da penha e com a mão te cobrirei, até que eu tenha passado. Depois, em tirando eu a mão, tu me verás pelas costas; mas a minha face não se verá.

Intimidade sempre nos leva a buscar mais intimidade. E quanto mais íntimos de Deus, mais parecidos com ele seremos. Assim, o alvo bíblico de caminhar de glória em glória começará a ser vivenciado no nosso dia a dia.

Que essa seja a nossa busca. Que esse seja o nosso anseio.

Ricardo Carvalho